Pesquisas tentam identificar papel do gênero no desenvolvimento da inteligência
Seria a inteligência humana um atributo diretamente vinculado ao gênero das pessoas? A melhor resposta talvez seja: depende! Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos têm levado cientistas a conclusões consideradas no mínimo conflitantes entre si, com resultados que variam bastante, dependendo das técnicas e ferramentas utilizadas.
Há pesquisadores, por exemplo, que identificam as meninas como sendo mais aptas no que diz respeito à proficiência verbal. Já outros sugerem que conclusões como essa estão enviesadas por não levarem em conta o fato de que a socialização dos meninos normalmente tende a inibir suas expressões por meio de palavras, o que os leva a um desenvolvimento mais lento nessa área. Outros estudos apontam para a superioridade dos homens quando se trata de expressões matemáticas. A isso os críticos respondem dizendo que o sistema educacional vigente, pelo menos na sociedade ocidental, desestimula as meninas a se envolverem com os números.
Também são difundidas teorias assim chamadas evolucionistas, que asseveram serem os homens mais proficientes em atividades ligadas à orientação espacial, enquanto as mulheres se destacam quando se trata do exercício de tarefas multifacetadas, ou mesmo no desempenho de mais de uma tarefa ao mesmo tempo. Nesse caso, parece existir uma evidente influência de preconceitos que reservam funções específicas e segmentadas a homens e mulheres, numa espécie de reprodução quase que automática de ideias consolidadas ao longo de séculos e eivadas de incompreensão quanto às possibilidades dos seres humanos.
Além dos riscos que notícias descuidadas carregam nesse tema, observa-se uma questão de ética que não pode ser desconsiderada.
A pesquisa dentro das ciências sociais traz desafios diferentes daqueles enfrentados no âmbito das ciências exatas. Como o foco daquela está colocado sobre um mundo repleto de subjetividades, suas perguntas de pesquisa não carregam, muitas vezes, o mínimo desejável de neutralidade desejável nesse tipo de atividade.Mas o que se diria caso, a partir de critérios próprios, algum pesquisador concluísse que as diferenças entre os gêneros incluiriam a superioridade intelectual de um sobre outro? Essa talvez seja uma questão em relação à qual a sociedade já deva estar atenta para a respeito dela se posicionar.